Muita gente se espanta quando me vê na TV dizendo que não lavo o arroz. A reação é imediata: correm para as redes sociais achando que foi erro de edição. “Minha avó fazia o arroz mais gostoso do mundo e sempre lavava!”, comentam. E esse tipo de comentário é bem comum. Afinal, durante muito tempo, lavar o arroz era um costume tão enraizado que acabou inspirando a criação de um utensílio específico para isso: aquele escorredor que também é bacia.

Aliás, você conhece a história da dra. Beatriz? Ela merece muito mais destaque – um exemplo de mulher empreendedora. Na época, ela já atuava como dentista, mas se incomodava com a pia sempre entupida por causa dos grãos de arroz. Até que, numa noite, teve a ideia de criar uma bacia com furinhos que facilitasse a lavagem. Compartilhou a ideia com o marido, que era engenheiro, e juntos fizeram o primeiro protótipo em casa, usando tigelas, grampeador e até papel-alumínio. O projeto foi patenteado e, em 1958, lançado oficialmente como produto. Até se aposentar, há poucos anos, ela ainda atendia em seu consultório, em São Paulo.
Mas voltando à polêmica: afinal, precisa ou não precisa lavar o arroz?

A verdade é que, hoje em dia, se você compra uma marca de qualidade, não há necessidade. Durante o processo de beneficiamento, os grãos passam por etapas que eliminam tanto impurezas quanto o excesso de amido — aquele pó que deixa o arroz mais empapado. Isso nos faz ganhar tempo na cozinha. E não só por economizar os minutos da lavagem, mas também pelo tempo que se perde esperando a água escorrer totalmente antes de ir à panela.
Um dos segredos para o arroz ficar bem soltinho está no momento de refogar: os grãos devem estar secos. Nossas avós sabiam disso e, por isso, lavavam até a água sair clarinha — e depois deixavam o arroz escorrendo por uns 10 a 15 minutos antes de colocar no fogo.
Se você não abre mão de lavar o arroz, tudo bem. Só tenha esse cuidado: escorra muito bem antes de refogar, para garantir um resultado leve e soltinho.